História da Arte Renascentista
Sempre em busca de inspiração

Cimabue: Madona com o Menino Jesus, cercados de anjos, 1272, têmp/madeira feita primordialmente para a Igreja de S. Francisco, de Pisa, Itália, hoje no Museu do Louvre, Paris. Figura 2- Duccio, tentação na montanha. Por sobre a larga faixa de tempo, que separa o duocento do final do trecento dois gigantes, um mistico e um artista, estendem-se as mãos, tirando os olhos do céu pondo-os na terra. Francisco e Giotto (o primeiro morre em 1226 e o segundo nasce quarenta anos depois), os quais, para além de nossas possibilidades de espaço e tempo, vem manter com a posteridade um profundo diálogo sobre o homem e a vida. O primeira através de um amor panteista, que procura dar sentido a tudo quanto exista, do homem s pássaro, da flor à estrela, humaniza o Cristianismo. O segundo, através de uma revoluçã formal, que visa ao enfoque do Homem em sua realidade extrinseca e intrinseca, humaniza a Arte. Desta humanização eclode a essência do Renascimento Realmente, enquanto o mundo todo se via ainda engajado na direção impost pelo espiritualismo, às instâncias do gótico internacional, a Itália, onde a fermentaçã intelectual e artistica denotava um sopro de renovação, era nos meados do século XIII um cadinho a fundir e a purificar influências das mais variadas ordens, sobre as quais s impunha em alta dosagem a tradição do solo, oriunda de Etruria e Roma Antiga, à procur de uma expressão, de uma linguagem própria. Embora muitos historiadores encarem equivocadamente essas tentativas como simples capitulo subsidiario do gótico internacional, rotulando genericamente de primitivos todos os seus protagonistas, o fato é que estava delineada uma ambientaçã sócio-cultural propicia ao desabrochar de uma arte até então inusitada, numa Itália onde a formas do gótico "puro" jamais tiveram guarida. Florença, Pisa, Roma, Siena, revelavam maneiras próprias de encarar a vida e a criação. A pré-renascença era um lêvedo prestes fermentar e a Itália toda ela um dique às vésperas do transbordamento. Novas idéia pairavam no ar e era preciso captá-las para, com elas, acionar a alavanca para libertar a pressões do gigantesco alambique peninsular. Tais idéias iriam delinear-se dentro em pouca nos estilos, em primeiro lugar, de Giotto, e, em segundo, de Simone Martini, preparados por toda essa ambientação. O primeiro artista a sugerir uma indicação direcional do caminho que levaria a essas idéias foi Bonaventura Berlinghieri, em sua tentativa de humanizar a figura de Santo de Assis, seu contemporâneo e isto na única obra que com certeza é de sua autoria pois há dúvidas sobre outras a ele atribuidas, existentes em Santa Croce e nos Uffizi, em Florença. Trata-se de uma pintura a têmpera sobre madeira de fundo de altar, localizada na Igreja de São Francisco, em Pescia, Itália (fig. 3), feita por volta de 1235, apenas nove anos depois do passamento do Santo. Berlinghieri, o único de uma família de artistas da época a conseguir notoriedade exatamente por causa desta obra, ali fixou de maneira original a figura de São Francisco dentro de exagerado alongamento de sua estatura, o que comprova suas origens góticas, fazendo-a preencher de alto a baixo toda a plancha terminada em ângulo na parte superior. Dos lados da figura, mais uma vez de maneira goticista, pintou as seis cenas mais importantes da vida do Frade, como "São Francisco pregando às aves" e "São Francisco recebendo os estigmas", entre outras. Todavia, o mais extraordinário do quadro é a expressão inesquecívelmente austera e solene do Santo, com sua mãoespalmada para o espectador, como que convidando-o à oração. Fig. 3-Berlinghieri (ativo em 1230), São Francisco (com cenas de sua vida), t/m, Igreja de São Francisco, Pescia, Itália. Muitos autores datam o pré-renascimento desde o inicio do quattrocento, momento de Masaccio, Ghiberti e Brunelleschi, entre outros, e encaram sua arte como laboratorial para a estética da Alta Renascença, quase sempre exagerando a estatura daqueles extraordinários artistas, que ocupam o seu mais alto patamar, e apequenando a dos mestres anteriores. A nosso ver, há um grande equívoco nisso tudo, pois, conforme as observações que temos feito, não só o momento de início do pré-renascimento deve ser recuado a Cimabue e, principalmente, a Giotto, como também deve este ser reconhecido em sua verdadeira dimensão, qual seja a de ponto de referência, divisor de águas, marco da evolução artística, em decorrência da profunda revolução pictórica por si levada a efeito, mudando a direção histórica da arte. Afinal, foi o primeiro artista a insurgir-se contra o espiritualismo ascético da Idade Média e a fazer com que a arte se voltasse para o mundo e para a vida, valorizando o Homem em seu meio. Assim, é ele o primeiro pilar do viaduto renascentista, que passsa por Masaccio, alarga-se ao impacto de influências flamengas, apoia-se em artistas como Piero della Francesca e vai confinar-se nos grandes artistas da Alta Renascença, aí mudando de rumo para criar o Barroco. Esta consideração se impõe, apesar de a pesquisa consciente da arte antiga, a qual transparecia ou influia na arte dos pioneiros citados como um contingenciamento, pode-se dizer, atávico, e o propósito de prosseguir do ponto onde os greco-romanos interromperam sua estética (o que vai caracterizar precisamente o renascimento), só terem inicio no século seguinte. Afinal, foi decisiva a atuação de todos aqueles precursores. Todavia, se nos assentamentos da renascença Giotto se revele um gênio sem par e Martini um pintor de raro talento, cabendo-lhes lugar de destaque na consolidação dos ideais pré-renascentistas, a radical transformação, pela qual passou a arte italiana, não foi mérito exclusivo deles. Cimabue em Florença, Cavallini em Roma e Duccio em Siena, constituíram-se no estaleiro onde os dois foram buscar as velas com as quais desbravar as rotas e avançar. Personalidades estanques e originais, Giotto e Martini seguiam cada qual o seu caminho: o primeiro (dentro da esteira do bizantinizante Cimabue, seu mestre) à procura do real, do vivo, do dramático, através do uso da massa plástica, o segundo (no séquito do goticizante Duccio, seu mestre) à procura da graça, do gesto elegante, da suavidade contemplativa, através do linearismo. Um como que nos agride, na lembrança do drama terreno, concitando-nos na participação deste; o outro como que nos enternece na evocação da beatitude extra-terrena, insinuando o êxtase e o lirismo, cujos aspectos serão revistos na parte seguinte, quando tratarmos da arte trecentista, completando o que, em interessante divisão, muitos especialistas entendem por Baixa Renascença, denominando Média Renascença o quattrocento e Alta Renascença o cinquecento.
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